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Eu olhos, violeta (contos)

                                                 Jameson Brandão


A lua está linda. Os bosques transmitem frescor e delicadeza de perfume, olhos de luz acinzentam o olhar, tudo se torna cinza, as arvores os gigantes deixam sobre eles os ventos delicados de formas invisíveis ao cair da folha. Rumores correm ocultos, mas só vejo vultos, lilás cinza amarelo chô. Morangos uvas rastejam como cobra, no buraco o camaleão some, nos altos galhos teiú e seus insetos. Cabelos compridos emendam de fios complementam a ementa do distrito, como cachecol ao tremer das pernas ao bater dos queixos se revela violeta a cinza da vida verdade.


Vida nua lua, casa morango banana abacaxi, arte riscos arte colheita e suor no campo, rega o homem quente ao sol gelado. Pedaços talhos talha a cuia. Chora a gente da gente folhada nas rosas do horizonte. Galhos fortes cortados selados ao monte. Mata matagal capim. Mata capão bosque violetas e o capim bufo. Sela a sela ao bicho nicho no cavalgar saltitante das molas que esfolam em muco verde a sobra da produção cinza marrom.


Manhã café criança, pétalas murchas caídas ao vento, sanfona zabumba triangulo voz, verdes cinzas das cinzas verdes, marrom preto verde caiu quebrou o meio, bosque jambos margaridas girassóis a cana café abacaxi banana e mamão. Limpo liso listrado o campo, bichos ao pó da morte. Bosque é campo, morte é vida e vida não é vida. Violetas são lidas, lindas vivas, mas murchas ao homem, violetas do bosque no bosque morreu, o homem culpado e olhos corrompidos com R$ na mão.

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